HCI

HEMODINÂMICAS E EVENTOS ADVERSOS: Como evitar?

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Aneliza Garcez Vitorino Franco

As Unidades de Hemodinâmica são serviços de saúde de alta complexidade com capacidade tecnológica para a realização de procedimentos o menos invasivo possível. Nas unidades HCI, contamos com equipes assistenciais devidamente qualificadas e capacitadas com equipamentos de última geração, para garantir segurança e qualidade da assistência médica e de enfermagem aos pacientes com doenças do sistema cardiovascular.


Nos serviços de alta complexidade cardiovascular, são realizados procedimentos endovasculares, por via percutânea, na maioria das vezes, sob anestesia local e/ou sedação, que permitem figurar, em tempo real, as estruturas anatômicas e esquematizar o mais perfeito e adequado plano de intervenção. Nestes serviços, deve-se dispor de todos os materiais e equipamentos necessários, em perfeito estado de conservação e funcionamento, além de uma equipe assistencial competente e qualificada, garantindo a qualidade da assistência aos pacientes, conforme preconizado na Portaria 210 de 2004.


A cada término de procedimento endovascular, o paciente é encaminhado para a sala de recuperação, onde permanece em repouso de 2 até 5 horas em observação, com acompanhamento contínuo dos dados hemodinâmicos e repouso adequados a cada tipo de procedimento. Os procedimentos por serem de alta complexidade exigem assistência de enfermagem e médica especializada para atuarem de maneira efetiva, rápida e segura – promovendo cuidado seguro, reduzindo os riscos e danos desnecessários deve ser prioridade nos serviços de hemodinâmica.


Mesmo com os devidos cuidados, os eventos adversos podem acontecer e podem ser sérios problemas relacionados à segurança do paciente e à qualidade da assistência - representando um instrumento de avaliação da qualidade da assistência e com repercussão no resultado final dos procedimentos. No que diz respeito à segurança do paciente em unidades de hemodinâmica, especificamente, há poucos estudos. Por isso também, optamos por trazer esse assunto tão relevante à saúde. Existem os avanços tecnológicos na cardiologia intervencionista que estão relacionados à melhoria e diminuição das complicações relacionadas aos processos de trabalho e é dever dos serviços de saúde proporcionar uma atenção segura e eficaz. É possível e necessário que os serviços de saúde adotem medidas com padrões de qualidade adequados para a sua realidade, em conformidade com as legislações vigentes.


“É necessário a elaboração de ações para determinar uma política de prevenção de eventos adversos com o despertar dos profissionais para a complexidade dos processos de trabalho neste setor da saúde e a importância da vigilância contínua para a segurança do paciente no transoperatório de procedimentos cardiovasculares por via percutânea.” (Rodrigues, Bezerra, Boaventura, et al. 2019).


O estudo de Rodrigues, Bezerra, Boaventura, et al. 2019 também mostra que a ocorrência dos eventos adversos são causados por diversos fatores, e é necessário a investigação das características desses eventos e do contexto de cada instituição para que a abordagem seja direcionada e apropriada àquela realidade.


Apesar de relativamente pouco evidenciados e estarem relacionados principalmente ao preparo dos profissionais, os principais eventos adversos que podem ocorrer em uma unidade de hemodinâmica são:
- Mau funcionamento de equipamentos e qualidade dos materiais (Ex: Ruptura de fio guia, aparelho de ECG em mau funcionamento, falta de materiais adequados);
- Dissecção arterial durante o procedimento;
- Trombose venosa ou arterial;
- Sangramento e hematoma no local da punção podendo evoluir com anemia;
- Complicações relacionadas ao uso de medicamentos de uso contínuo (Ex: anticoagulantes e Metformina) que devem ser suspensos por tempo específico antes do procedimento;
- Reações alérgicas, urticárias e choque anafilático;
- Arritmias com potencial de parada Cardiorrespiratória;
- Reações vasovagais;
- Uso excessivo de contraste (podendo levar a comprometimento da função renal);
- Presença de comorbidades e outros fatores como tabagismo, local de acesso e tempo de procedimento, são fatores determinantes para a ocorrência de complicações.


A coordenação e gerenciamento de recursos nas unidades de hemodinâmica são de responsabilidade do enfermeiro responsável e os eventos adversos estão na sua grande maioria relacionados a equipe médica e de enfermagem, visto que, esses profissionais atuam diretamente na assistência aos pacientes.


É de responsabilidade da equipe, a garantia de procedimentos seguros e livre de intercorrências possíveis de serem evitadas, entretanto, quando estas ocorrem são necessárias medidas corretivas rápidas e eficientes, visto que por vezes, os profissionais podem ser submetidos à processos jurídicos legais. (Ex: atraso no diagnóstico e/ou tratamento, agravando o quadro clínico do paciente interferindo na conduta terapêutica).


Para que as ocorrências de eventos adversos possam ser diminuídas é indispensável o gerenciamento de materiais, medicamentos e equipamentos de forma contínua e sistemática dos recursos necessários, antes do início de qualquer procedimento. Muitas vezes algumas medidas corretivas precisam ser tomadas para que possa diminuir e/ou anular tais eventos. Faz-se necessário o planejamento dos recursos cabíveis e também a realização da manutenção preventiva dos equipamentos – trabalho fundamental, exercido pelo enfermeiro coordenador da unidade.


É essencial que seja criada e promovida a cultura de segurança em todos os serviços de saúde, assim, estabelecendo comportamentos determinantes na assistência aos pacientes com comprometimento e segurança. Os eventos adversos são importantes indicadores de qualidade, devem ser registrados e notificados permitindo que a assistência seja melhorada. Os registros devem ser melhorados e não feitos apenas pelas equipes de enfermagem, sendo de extrema importância a conscientização da equipe para prevenção dos eventos adversos, promoção de capacitação profissional e educação continuada nos serviços de saúde, assim como é feito mensamente, com rigor, pelo grupo HCI.


Importante salientar que, em relação às unidades de hemodinâmica, devem ser realizadas medidas internas e específicas, sempre guiado pelas evidências científicas.


Referências
BRASIL. PORTARIA Nº 210, DE 15 DE JUNHO DE 2004. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/sas/2004/prt210_15_06_2004.html
RODRIGUES, ET AL. OCORRÊNCIA DE EVENTOS ADVERSOS EM UNIDADE DE HEMODINÂMICA. Rev enferm UFPE on line. Recife. Jan 2019. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/revistaenfermagem/article/download/235853/31131

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