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Papel do enfermeiro no pré e pós Angioplastia com implante de STENT

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GONÇALVES, Naiara do Prado Andrade


As doenças cardiovasculares representam um importante problema de saúde pública não só no nosso meio, mas em todo o mundo, visto que constituem a principal causa de morbi-mortalidade e representam os mais altos custos em assistência médica. (GUS; FISCHMANN; MEDINA, 2002).
Dentre as doenças cardiovasculares, a que vem se destacando como um dos problemas mais preocupantes é a Doença Aterosclerótica Coronariana (DAC), pois além de ser uma das principais causas de morte e de incapacidade no Brasil, determina um impacto sócio-econômico de grande magnitude. (GIL LÚCIO, 2006).
Segundo Aehlert (2007), arteriosclerose é uma doença crônica do sistema arterial caracterizada por espessamento e enrijecimento anormal das paredes dos vasos. A aterosclerose (athero = material lipídico, sclerosis = rigidez) é uma forma de arteriosclerose em que o espessamento e enrijecimento das paredes dos vasos são causados pela deposição de material gorduroso na camada interna de artérias musculares de médio e grande calibre. À medida que os depósitos de gordura se acumulam, o lúmen da artéria lentamente se estreita e o fluxo de sangue para o músculo cardíaco diminui.
Essas lesões ateroscleróticas geram obstruções significativas ao fluxo arterial epicárdico, limitando a oferta de oxigênio ao miocárdio, gerando um processo isquêmico no músculo cardíaco. Considerando que o miocárdio, para exercer adequadamente sua função contrátil, necessita de suprimento contínuo e elevado de oxigênio e glicose, pode-se dizer que a isquemia miocárdica é um desequilíbrio entre a oferta e o consumo de oxigênio, sendo que o fluxo coronariano tem papel fundamental para a manutenção deste equilíbrio (NOBRE; SERRANO, 2005).
A Intervenção Coronária Percutânea (ICP), tradicionalmente conhecida como angioplastia Coronária Transluminal Percutânea (ACTP), surgiu, predominantemente, como a angioplastia com balão, em seus primeiros vinte anos, como a mais comum intervenção clínica importante. (Tratado de cardiologia, 2005)
A pressão do balão em uma área de estenose aterosclerótica resulta em ruptura de placa, rompimento do endotélio e estiramento de segmento do vaso não afetado, alargando, assim, o lúmen. (Enfermagem em cardiologia, 2005)
Entre várias adicionais ou alternativas mecânicas à angioplastia com balão, surgiu o implante da endoprótese (Stent), onde vários estudos comprovaram sua eficácia, e com isso ficou validado com o passar do tempo.
Os Stents são armações metálicas que, quando liberadas no local da obstrução, cobrem parcialmente a superfície interna do vaso. Com isso, a oclusão aguda por retração elástica praticamente desaparece. A incidência de reestenose com a implantação dos Stents caiu pela metade dos índices antigos. A colocação desta endoprótese produz um resultado imediato que é simpático aos olhos do intervencionista e do paciente. (CINTRA; NISHIDE; NUNES, 2000).
A complexidade de cuidados aos indivíduos com problemas cardíacos, que cada vez mais necessita da assistência de enfermagem, demanda a adoção de um método de assistência capaz de direcionar e organizar as atividades de enfermagem, de acordo com as necessidades de cada pessoa. (CAFER; et al., 2002)
As Unidades de Hemodinâmica são consideradas setores de alta complexidade que envolvem um alto nível tecnológico e exigem dos enfermeiros habilidades e competências. As habilidades estão associadas ao saber fazer, que pressupõe uma capacidade
adquirida, aptidão específica ou talento para identificar variáveis, compreender fenômenos, relacionar informações, analisar situações-problema, sintetizar, julgar, o que culmina na realização de uma tarefa.
A assistência de enfermagem desempenha fundamental importância nos cuidados com os pacientes que irão e foram submetidos à angioplastia. O enfermeiro ao planejar a assistência, garante sua responsabilidade junto à pessoa assistida, uma vez que o planejamento permite diagnosticar as necessidades do cliente, garante a prescrição adequada aos cuidados, orienta a supervisão sobre o desempenho do pessoal, a avaliação dos resultados e da qualidade da assistência porque norteia as ações, sendo baseada em princípios e regras com a finalidade de promover cuidado de enfermagem eficiente (ANDRADE; VIEIRA, 2005).
O tema é relevante para os profissionais de enfermagem, uma vez que os cuidados pré e pós-procedimentos são complexos e demanda uma assistência sistematizada.

 


Quadro 1: Orientações para assistência de enfermagem no pré angioplastia com implante de Stent.

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM PRÉ ANGIOPLASTIA
- Explicar em detalhes o procedimento previamente ao paciente.
- Obter do paciente ou pessoa responsável, a autorização assinada para a realização do procedimento.

- Realizar a conferência completa de todos os dados clínicos como:

Medicação em uso (anticoagulantes); presença de arritmias (ECG); infecções; exames laboratoriais ( creatinina, coagulograma).
- Administrar o ansiolítico uma hora antes do procedimento (Diazepam 10 mg)
- Orientar jejum de 8 horas;
- Verificar freqüência cardíaca e pressão arterial;
- Realizar tricotomia inguinal bilateral 30 minutos antes do procedimento;
- Realizar punção venosa com cateter calibroso no membro superior esquerdo.
- Retirar objetos pessoais e colocar camisola hospitalar com abertura frontal.
- Orientar e verificar quanto a alergias ( iodo).
- Checar a disponibilidade de leito em UTI.

- Chegar à disponibilidade da sala cirúrgica.

- Orientar para iniciar aspirina e clopidogrel dois dias antes do procedimento.

 



 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quadro 2: Orientações para assistência de enfermagem no pós angioplastia com implante de Stent.

ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM PÓS ANGIOPLASTIA
- Orientar o paciente para manter-se em repouso absoluto no leito por 24 horas.
- Orientar para não fletir o MID, não sentar e elevar a cabeceira do leito até 45 graus.

- Controlar a infusão de nitroglicerina em bomba de infusão contínua.

- Controlar a infusão contínua de heparinização, observando sangramento.
- Verificar pressão arterial e pulso radial a cada 30 min na primeira hora e a cada 60 min a partir da primeira hora.
- Verificar a região inguinal e o introdutor a cada 60 min.
- Prescrever dieta leve.
- Retirar o introdutor após 6 horas do início da heparina, comprimir o local por 15 min. para hemostasia e realizar curativo compressivo.
- Atentar-se para reação vasovagal.
- Verificar o local da punção, pulso pedioso, cor e temperatura do MID a cada: 15 min. na primeira hora; 30 min. na segunda hora e a cada 60 min. nas três horas seguintes.

- Se houver sangramento:

Comprimir o local com firmeza, até cessar, realizar curativo compressivo e comunicar equipe médica.

- Orientar o paciente e familiar quanto aos riscos em se mexer ou dobrar o membro.

- Realizar ECG após o procedimento.

- Orientar o paciente para retirar o curativo após 24 horas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

 

 

 

 

 

 

A importância da assistência de enfermagem na construção dos cuidados a serem realizados com os pacientes no pré e pós angioplastia com implante de Stent, com o intuito de sanar as dúvidas e esclarecer os cuidados para antes do procedimento, e ressaltar os cuidados pós, minimizando as complicações, e orientando toda a equipe de enfermagem para desempenhar uma assistência adequada, pois caracteriza-se por ser um momento crítico na recuperação do estado de saúde do paciente, o qual requer cuidados específicos.

O conhecimento desta patologia, a identificação das alterações, das complicações, poderá auxiliar os enfermeiros na elaboração das intervenções fundamentadas nas necessidades individuais de cada pessoa que passou pela angioplastia coronariana, permitindo um direcionamento das ações de enfermagem de forma rápida e competente.

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