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CONHECIMENTO DO ENFERMEIRO NAS COMPLICAÇÕES VASCULARES PÓS-PROCEDIMENTO PERCUTÂNEO

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Daiane Cristina de Almeida

 

As evoluções tecnológicas acompanham as técnicas intervencionistas, no entanto ainda ocorrem complicações vasculares em pacientes submetidos a procedimentos percutâneos realizados no setor de Hemodinâmica. (1)

 

A primeira etapa para os procedimentos percutâneos é a obtenção de uma via de acesso, historicamente teve início com a via braquial, sendo substituída pela via femoral e atualmente a via radial vem sendo utilizada com maior frequencia. (2)

 

Em nível mundial, o acesso pela via radial vem sendo amplamente utilizado para procedimentos percutâneos e os benefícios são amplos, estudos apontam a diminuição de complicações vasculares, a redução do tempo de internação além de propiciar maior conforto ao paciente. (3)

O acesso pela via femoral ainda é o mais indicado para procedimentos especializados, devido à necessidade de uma via de maior calibre, em contrapartida apresenta maiores riscos de graves complicações. (4)

 

Possíveis complicações vasculares podem incluir sangramento, hematoma, equimose, hematoma retroperitoneal, isquemia do membro e/ou síndrome compartimental, pseudoaneurisma, fístula arteriovenosa, neuropatia e infecção. (5)

 

Relacionando as complicações vasculares e as vias de acesso, o sangramento, o hematoma e o pseudoaneurisma referem-se à via femoral, já a oclusão da artéria radial como o próprio nome diz, é uma complicação da via radial, a equimose é a complicação mais comum e ocorre em ambas as vias.(4)

 

Uma das formas mais grave de complicação vascular no local do acesso é a hemorragia retroperitoneal, associada ao aumento da mortalidade. (6) O gênero feminino e a idade avançada representam os principais fatores que predispõe as complicações vasculares pós-procedimento percutâneo.

 

Existem outros fatores relacionados tais como, uso de anticoagulante préprocedimento, doença renal, doença vascular periférica, insuficiência cardíaca congestiva, pressão arterial elevada, uso de introdutor de maior calibre, menor índice de massa corporal, espessura da prega cutânea menor, múltiplas tentativas de punções, uso de inibidores da glicoproteína IIb/IIIa, maior tempo de duração do procedimento e punção alta da artéria femoral. (4)

 

A retirada do introdutor pós-procedimento é realizada por hemostasia local sendo obtida por compressão manual ou dispositivos de hemostasia intra ou extravascular, estas técnicas por sua vez não estão relacionadas a complicações vasculares e hemorrágicas, mas sim a deambulação e alta hospitalar precoce. (2)

 

O tratamento endovascular das complicações vasculares oferece uma opção segura de tratamento, com alta taxa de sucesso, com diagnóstico precoce e tratamento imediato, especialmente para sangramento retroperitoneal. Minimizando a necessidade de cirurgia na grande maioria das complicações vasculares. (7)

 

A avaliação do local do acesso, a compatibilidade do material a ser utilizado e a prudência em que a punção do vaso é realizada independente do local reduz consideravelmente as complicações vasculares após os procedimentos percutâneos. (8)

 

Para desempenhar as funções requeridas pela unidade de hemodinâmica é indispensável que enfermeiro possua conhecimento especializado bem como as técnicas de hemostasia e as possíveis complicações, e que seja comprometimento com a segurança e conforto do

paciente, promovendo assim uma assistência de qualidade. (9)

 

Dada à relevância das complicações vasculares, o enfermeiro tem uma grande responsabilidade com a assistência especializada e direcionada durante todo o processo, desde a entrada do paciente no setor de Hemodinâmica até o pós-procedimento. Sendo primordial dispor de

capacitação intelectual e pensamento crítico para uma atuação ágil, precisa e segura, contribuindo diretamente na prevenção e na redução dessas complicações.

 

 

REFERÊNCIAS:

1. Fonseca P, Almeida J, Bettencourt N, Ferreira N, Carvalho M, Ferreira W, et al. Incidence and predictors of vascular access site complications following trans Femoral transcatheter aortic valve implantation. Rev Port Cardiol. Forthcoming 2016; 36 (10):747-753.

2. Feres F, Costa RA, Siqueira D, Costa Jr JR, Chamié D, Staico R, et al . Diretriz da sociedade brasileira de cardiologia e da sociedade brasileira de hemodinâmica e cardiologia intervencionista sobre intervenção coronária percutânea. Arq. Bras. Cardiol. 2017;109(1Suppl1): 1-81.

3. Nobrega ER, Covello CM, Buril GO,Carvalho PO, Sobral PD, Batista LL, et al. Comparação randomizada de tempos de hemostasia após acesso radial para cateterismo cardíaco. J Transcat Interven.2018;26(1):1-6.

4. Reich R, Rabelo-Silva ER, Santos SM, Almeida MA. Complicações do acesso vascular em pacientes submetidos a procedimentos percutâneos em hemodinâmica: revisão de escopo. Rev Gaúcha Enferm. 2017;38(4):e68716.

5. Silva APL, Benetti CFA, França AAF de. Enfermagem em cardiologia intervencionista. São Paulo: Editora dos Editores, 2018. Capítulo 5, Cateterismo Cardíaco; p103-120.

6. Kwok CS, Kontopantelis E, Kinnaird T, Potts J, Rashid M, Shoaib A, et al. Retroperitoneal haemorrhage after percutaneous coronary intervention: incidence, determinants, and outcomes as recorded by the British cardiovascular intervention society. Circ Cardiovasc Interv 2018;11(2):e005866.

7. Schahab N, Kavsur R, Mahn T, Schaefer C, Kania A, Fimmers R, et al. Endovascular management of femoral access-site and access-related vascular complications following percutaneous coronary interventions (PCI). PLoS One. 2020;15(3):e0230535.

8. Mlekusch W, Mlekusch I, Sabeti-Sandor S. Vascular puncture site complications - Diagnosis, therapy, and prognosis. Vasa. 2016 ;45(6):461-469.

9. Martins BC do C. Conhecendo a Eficiência e Eficácia das Técnicas de Hemostasia em Procedimento Hemodinâmicos. [monografia]. Belo Horizonte: Universidade federal de Minas Gerais; 2017. 24f.

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